A franquia Super Sentai, exibida pela TV Asahi, chegará ao fim em 2025, tendo como última série a atual "Gozyuger". Ao lado de Kamen Rider e Ultraman, Super Sentai sempre foi reconhecida como um grupo de heróis admirado por muitas crianças ao longo das décadas. Então, por que a franquia está chegando ao seu encerramento? O escritor especializado em anime e games, Kiyoshi Tane, explica os motivos.

A realidade: menos crianças e a concorrência dos games mobile

A notícia do fim da série gerou grande repercussão entre várias gerações, desde adultos que cresceram assistindo até crianças que ainda acompanham hoje. Comentários como "triste demais" ou "eu via junto com meu filho" se espalharam, mostrando o impacto emocional da marca.

Mas entre as reações, surgiram críticas:

"Fui pesquisar quando ouvi que ia acabar e fiquei chocado com a audiência baixíssima… Assim não tem como vender brinquedo e os patrocinadores vão embora. O que as crianças de hoje fazem se nem TV assistem?".

Embora não haja números oficiais gerais, o episódio de 26 de outubro de "Gozyuger" marcou 1,9% de audiência na região de Kanto, um cenário bem difícil.

Tane resume o problema:

"O maior motivo é a queda do público infantil, a baixa taxa de natalidade. E hoje existem muito mais opções de entretenimento gratuito, principalmente jogos mobile, que dominam até as crianças pequenas. Comparado às eras Showa e Heisei, a concorrência é gigantesca".

Além disso, brinquedos sempre foram a grande fonte de renda das séries de heróis. Mas:

"Com smartphones e tablets se tornando comuns, muitas crianças simplesmente não acham brinquedos físicos atraentes como antes".

De acordo com dados do grupo Bandai Namco, as vendas anuais de brinquedos de Super Sentai giram em torno de 6,5 bilhões de ienes, bem atrás de:

- Kamen Rider: cerca de 30 bilhões de ienes

- Ultraman: entre 14 e 20 bilhões de ienes

Por que só o Sentai teve queda tão grande nas vendas?

A resposta passa pelos Power Rangers.

"Em 1993, Super Sentai foi adaptado nos EUA como Power Rangers, com os brinquedos produzidos pela Bandai Namco. A franquia se tornou um fenômeno mundial, e somando Japão + exterior, as vendas ultrapassavam 20 bilhões de ienes, rivalizando com Kamen Rider e Ultraman".

Mas tudo mudou em 2018.

"Hasbro, gigante americana de brinquedos, comprou os direitos de fabricação dos Power Rangers no exterior. Isso fez a Bandai perder praticamente toda a receita internacional relacionada ao Sentai. O impacto foi enorme".

Antes da compra, dados da Bandai de 2017 mostram:

- Vendas mundiais de Sentai (incluindo Power Rangers): 21 bilhões de ienes

- Vendas só no Japão: 8,8 bilhões de ienes

Ou seja, quase metade vinha do exterior e isso foi perdido. A consequência: um colapso nas vendas e o "último lugar isolado" entre as franquias heroicas.

Outro problema: Sentai não conseguiu conquistar o público adulto

Assim como muitos heróis, Super Sentai tentou aumentar variedade com mais personagens. Em 2017, "Kyuranger" trouxe um time com 9 membros.

A lógica seria: mais personagens = mais brinquedos = mais vendas. Mas não funcionou.

Tane explica:

"No começo Kyuranger vendeu bem, porque eram muitos produtos. Mas no segundo semestre, as vendas caíram, e o custo de desenvolver tantos brinquedos foi maior que o retorno".

E tem outro ponto crítico: os adultos não compram brinquedos de Sentai, diferente de Kamen Rider.

"Os 'kidults', adultos que compram produtos nostálgicos são muito fortes nas vendas de Kamen Rider. Os cintos de transformação, por exemplo, têm enorme procura do público adulto".

A Bandai até cria modelos de cintos em tamanho adulto, com grande sucesso. Mas com Sentai:

"Os brinquedos têm muitas variedades e são difíceis de colecionar. Os adultos preferem itens simples e fáceis de comprar. Por isso, Sentai nunca conseguiu capturar esse segmento".

As informações são do Livedoor News.