O novo showrunner de Power Rangers, Simon Bennett, conversou com o site Screen Rant, onde falou sobre a passada de tocha do antigo showrunner, Chip Lynn, bem como o que o inspira pessoalmente sobre a franquia e como ele espera servir ao seu público-alvo e honrar suas legiões de fãs.

A entrevista à seguir pode conter spoilers de Beast Morphers.

Entrevistador: Muitos fãs ficaram agradavelmente surpresos com os Power Rangers voltando a adaptar algo como Beast Morphers, que veio de Go-Busters, porque é a primeira vez que Power Rangers adaptou um Super Sentai de uma série anterior. O que aconteceu nessa tomada de decisão?

Bennett: Bem, isso foi antes de eu estar envolvido nesse tipo de tomada de decisão. Eu fui o diretor de Beast Morphers e diretor de Ninja Steel, e só me tornei produtor executivo e showrunner na nova temporada, Dino Fury. Mas conversei com Chip Lynn sobre as decisões que tomaram para adaptar Go-Busters para Beast Morphers.

Beast Morphers virou sucesso absoluto entre os fãs - Foto: Hasbro


Ele teve a ideia alguns anos antes de ser realmente decidido ir em frente com ela; ele escreveu como a adaptação funcionaria, e acho que parou por ai. Então, depois de Ninja Steel, ele tirou o pó da proposta e a lançou, e todos ficaram entusiasmados. Eu acho que uma das coisas que você tem que olhar quando está adaptando uma série do Sentai é: o que é o mundo? Como são os figurinos? Como são os Zords? Como são as armas? Como são todos esses itens? E como podemos fazer uma história emocionante em torno deles, porque Sentai é o ponto de partida para cada temporada de Power Rangers. Todos pensaram que os trajes, que são de couro ao contrário do spandex normal, e os Zords e as armas e o mundo dos Go-Busters tinham um visual muito legal. Acho que esse foi o ponto de partida de como ele foi adaptado.

Claro, todos aqueles trajes e adereços de monstros eram bem velhos quando os trouxemos do Japão. Para Beast Morphers, uma boa parte da borracha [das fantasias] tinha se desgastado e havia uma grande quantidade que precisava ser reconstruída do zero. Sem mencionar os figurinos que meio que desmoronaram no set. Lembro-me de filmar uma cena com os Rangers nos trajes, mas sem os capacetes. Na verdade, isso foi no episódio final, quando Evox está atirando em Steel no centro da Torre Morph-X, e a equipe de segurança está encolhida na porta, incapazes de fazer qualquer coisa para ajudar. As calças de dois dos homens da equipe foram presas com fita isolante preta, porque literalmente se rasgaram nas costuras e eram totalmente inadequadas.

Essa é uma das desvantagens de adaptar uma temporada que é bastante antiga, mas acho que a estética de Go-Busters e os elementos de design que adotamos e trouxemos para os Beast Morphers são fantásticos e atemporais.

Entrevistador: Beast Morphers honestamente parecia uma carta de amor para os fãs que estão com a série há 27 anos. Com essa temporada mergulhando tão fundo na mitologia dos Power Rangers, isso te ajudou a se preparar para assumir a posição de showrunner da série?

Bennett: Apenas um pouco. Acho que foi quando comecei a filmar cenas no lendário cofre dos Rangers, e percebi como todos esses vários morfadores e adereços eram importantes porque eles significaram algo para os fãs que foram leais ao show por muitas temporadas. "Você não pode colocar aquele aqui, porque tem que ser esses." Eu percebi que havia mais em Power Rangers que aparentava. Existem pessoas por aí com um conhecimento enciclopédico da tradição e do cânone, e isso deve ser respeitado.

O cofre da Grid Battleforce - Foto: Hasbro


Eu sei que os dois editores de história do programa fazem o possível para servir a lealdade dos fãs que conhecem cada detalhe de dentro para fora. Usamos muito o Ranger Wiki para pesquisar temporadas anteriores, bem como para assisti-las na Netflix, onde estão disponíveis aqui na Nova Zelândia. Nós certamente respeitamos a longevidade do show e o quão profundamente os fãs têm Power Rangers em seus corações.

Entrevistador: Eu sei que você está assumindo um papel mais importante para Dino Fury, mas dirigiu Ninja Steel e Beast Morphers. Você pode falar sobre quando soube que queria mergulhar ainda mais na franquia?

Bennett: Essa é uma pergunta interessante. Fui abordado enquanto ainda dirigia Beast Morphers, então, quando eu dirigia o final, já sabia que iria pegar a tocha de Chip.

Mas meu histórico com televisão é tanto na produção criativa quanto na direção. Eu fiz os dois por muitos anos. Entrando em Power Rangers como um diretor, depois de superar o terror inicial e entender a complexidade de fazer um programa como este - porque não é nada fácil - achei que adoraria trabalhar uma nova temporada desde o início, e ter envolvimento em todos os aspectos criativos de uma temporada de Power Rangers que o diretor não tem.

Porque, como diretor, você chega a bordo algumas semanas antes do início das filmagens, recebe seus roteiros, descobre como filmá-los e os filma com a equipe e os atores. Você tem três dias na sala de edição e depois vai embora. Um ano, ou mais, de desenvolvimento que vai até esse ponto é administrado pelo showrunner e, em seguida, a pós-produção, o corte final e os efeitos visuais e todos os elementos que são usados para polir o show estão nas mãos do showrunner novamente.

A ideia de ter uma visão criativa completa de uma temporada realmente me atraiu, porque eu gosto da série. Eu não sabia disso antes de começar a trabalhar nisso, então não posso dizer que minha associação com Power Rangers remonta a décadas. Mas assim que pulei nessa piscina em particular e vi o quanto ela poderia ser divertida, me apaixonei e quis continuar trabalhando nela.

Entrevistador: Chip Lynn é lendário no mundo de Power Rangers, tendo sido o showrunner das séries por um bom tempo. Você pode falar sobre algum conselho que Chip possa ter lhe dado sabendo que você iria dirigir a série?

Bennett: Não consigo pensar em nenhum conselho específico, mas trabalhamos muito próximos. Ele ficou na Nova Zelândia provavelmente por um ano após o término das filmagens de Beast Morphers, então ele e eu trabalhamos juntos com os editores de histórias no desenvolvimento da nova temporada.

Acho que vendo como Chip trabalhava, o papel dele como showrunner, acabei aprendendo muito por meio da observação. Acho que as principais coisas que aprendi com Chip foram tratar as pessoas com gentileza, porque ele é uma pessoa muito gentil e trata todos com o respeito que merecem, cada um sendo especialista em suas áreas. Então, isso é muito importante. Mas também sua atenção aos detalhes é formidável. Não há um único aspecto do show que ele não olhe: cada adereço, cada roupa, cada local. Ele estava presente no set para gravações de cenas, certificando-se de que as histórias estavam sendo contadas corretamente e que os atores e diretores estavam tomando a decisão correta. Ele estava em cada quadro da edição, e em cada foto de efeito visual que fosse aprovada. É uma atenção completa, prática e de micro-gerenciamento aos detalhes, que é o que torna o programa tão consistente: esse nível de visão geral criativa.

Chip Lynn, o antigo showrunner da série - Foto: reprodução internet


Então, vê-lo fazer tudo isso me ensinou a como fazer também. Bem, isso me deixou nervoso, porque esse trabalho que eu assumi é grandioso. Mas também me ensinou o que é importante e como é fácil deixar algo escapar e muitas coisas podem cair como uma fileira de dominó se você não tomar cuidado. A atenção aos detalhes foi uma grande parte do que Chip me ensinou.

Entrevistador: No passado, Power Rangers teve algumas tradições pelas quais os fãs ainda clamam. Por exemplo, sempre houve encontro de equipes nas temporadas anteriores. Em Ninja Steel, houve uma grande parceria com "Dimensões em Perigo", e em Beast Morphers, houve aquele episódio épico "Grid Connection" com todas as equipes de dinossauro. Esses encontros ainda podem acontecer, ou alguma outra coisa que os fãs podem gostar e que vai ser trazida de volta em futuras iterações de Power Rangers?

Bennett: Obviamente, não posso falar em detalhes sobre Dino Fury. Mas esse tipo de encontro sempre fez parte do show, como você disse, no passado. Acho que o COVID complica mais as coisas, porque filmamos na Nova Zelândia, as fronteiras estão fechadas e você tem que conseguir a isenção do governo para entrar no país. Portanto, é um desafio, especialmente se trouxermos um ator para filmar por dois ou três dias. Eles teriam que ficar em quarentena por duas semanas depois de chegarem, se pudéssemos colocá-los no país. Então, existem desafios no caminho.

Mas eu acho que o conhecimento das versões anteriores do programa e da gama anterior de equipes é algo, daqui para frente, que provavelmente fará parte do programa continuamente. Eu acho que uma das coisas interessantes sobre Beast Morphers é que ele trouxe todas as várias equipes e dimensões anteriores juntas por causa da Grid Battle Force, onde as pessoas estudavam a história de Power Ranger, e eles sabiam sobre as várias equipes, sabiam sobre todos os vários vilões do passado. Isso significa que nas temporadas futuras, as equipes anteriores serão reais no mundo, ao contrário de "Vamos fingir que elas não existiram e estamos começando do zero" .

Entrevistador: A série existe há quase 30 anos e sobreviveu a muitos outros programas infantis. Por que você acha que Power Rangers resiste ao teste do tempo?

Bennett: Acho que a fórmula funciona. Foi uma espécie de invenção única adaptar Sentai e criar uma equipe única de super-heróis adolescentes, mas utilizando os designs fantásticos e monstros e zords e fantasias da série japonesa. Essa foi uma ideia única de reunir todos esses elementos. Acho que manteve seu apelo entre os jovens telespectadores.

Outra coisa sobre Power Rangers é que ele é feito predominantemente para crianças de 4 a 6 anos, e a cada dois anos esse público se atualiza e se reinventa. Há uma nova gama de crianças nessa idade que podem ser apresentadas a ele. Então, de certa forma, você tem um show único com um público que está constantemente sendo atualizado, o que é positivo. Mas também eu diria que a cor daqueles Power Rangers - aquelas cores primárias brilhantes - e a emoção das sequências de ação nunca envelhecem. Acho que as crianças adoram assistir isso. Enfim, acho que os valores da série são fantásticos. O trabalho em equipe, a amizade, o bem contra o mal - isso é algo com que todos se identificam e que continua acontecendo. É significativo.

Entrevistador: Por curiosidade, qual sua temporada favorita?

Bennett: Eu realmente gosto de RPM, para ser honesto. Eu aprecio que tenha um tom mais adulto. No que diz respeito a atingir o público-alvo do programa, pode não ter sido o mais bem-sucedido, mas eu realmente gosto da estética dessa temporada. Gosto da maneira como a comédia dentro do show foi construída dentro do alcance da equipe e parecia um aspecto natural da narrativa. Tem várias coisas dessa temporada que eu realmente admiro. Não que eu necessariamente os reproduzisse, mas como uma peça de televisão, gostei muito daquela temporada.

Power Rangers RPM se tornou referência entre os fãs - Foto: Hasbro


Entrevistador: Power Rangers passou mais de 27 anos com iterações completamente diferentes. Se os fãs tentassem descobrir qual seria o tom de Dino Fury e se você dissesse "assista esta temporada", que temporada você recomendaria?

Bennett: Não posso dizer nada sobre Dino Fury, exceto que haverá dinossauros nele. Os fãs deveriam assistir Dino Charge e Mighty Morphin, porque aquelas temporadas também tinham dinossauros nelas, mas eu não posso dar nada. Tudo o que posso dizer é que estou muito feliz com a forma como ela [a temporada] está se desenvolvendo e acho que é único e novo. Eu espero que os fãs fiquem super animados quando virem.

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