De tempos em tempos Hollywood reinicia famosas franquias para uma nova geração e nem sempre esses "reboots" são bem aceitos pelo público. Aonde o novo filme de Power Rangers se encaixa?

Anunciado em 2014, o longa metragem dirigido por Dean Israelite causou bastante rebuliço dentro da comunidade de fãs e fora dela. O diretor que havia apenas trabalhado em um longa metragem (Projeto Almanaque), tinha a responsabilidade de trazer um produto que agradece fãs e não fãs e ainda trouxesse um novo público para acompanhar essa reinicialização dos heróis dos anos 90.

Os Rangers se encontram para testar suas novas habilidades - Foto: Lionsgate

Com dois filmes muito mal recebidos pela crítica, mas bem aceitos pelos fãs, o desafio era superar expectativas e abrir um leque para uma franquia que possa durar alguns anos. Com vinte anos de intervalo de Power Rangers Turbo (1997), Saban's Power Rangers estreia em uma época onde os super heróis dominam os cinemas e a televisão e precisa provar que tem porte não para competir com esses, mas para coexistir nessa nova era.

Apresentado como um filme de introdução, Saban's Power Rangers começa com um flashback mostrando um pouco da história da primeira equipe de Rangers da Terra, liderada por Zordon e que foi traída pela Ranger Verde (Rita Repulsa) que ruiu a equipe atrás dos poderosos Cristais Zeo. Em um último suspiro, o futuro mentor dos Rangers ataca Rita e arremessa no mar e por milhares de anos ela ficou desaparecida. Nos tempos atuais em Alameda dos Anjos um jogador de futebol americano, Jason (Dacre Montgomery) enfrenta uma fase terrível em sua vida após se envolver em um acidente de carro, como consequência o personagem passou a frequentar a detenção da escola local e é lá que encontra os futuros heróis Billy (RJ Cyler) e Kimberly (Naomi Scott).

Os novos heróis agora precisam salvar a Terra de Rita Repulsa - Foto: Lionsgate

Não demora muito para Jason fazer amizade com Billy o que faz com ele se meta em outro grande problema em uma mina local ao lado dos outros personagens citados acima juntamente com Trini (Becky G) e Zack (Ludi Lin). O evento desencadeia uma série de complicações porque eles encontram as Moedas do Poder, poderosos artefatos alienígenas que concedem poderes extraordinários aos seus usuários. Em busca de respostas, os cinco adolescentes retornam ao local e descobrem uma nave enterrada e seus tripulantes, Alpha 5 (Bill Hader) e Zordon (Bryan Cranston).

Para salvar o planeta Terra da maligna Rita Repulsa que ressurgiu, os cinco precisam superar suas adversidades e problemas pessoais para se tornarem uma força de combate super poderosa, os Power Rangers.

Jason, o novo Ranger Vermelho - Foto: Lionsgate

O longa metragem é extremamente preciso ao recontar a história da franquia e dar uma profundidade muito maior que a série de TV, estamos falando de uma produção de grande porte e era o minimo que podíamos esperar dessa nova fase dos heróis. Elementos sutis que compõe a mitologia de Power Rangers foram colocados com cuidado e muito melhor orquestrados e que não são difíceis de entender para os fãs mais leigos, é uma história para todos. Os personagens originais foram todos repaginados e agora possuem histórias profundas e dramas contextualizados com os dias atuais que são bem explicados no primeiro arco do filme. Pode parecer cansativo para alguns esse aprofundamento nos personagens mas é essencial para que você se importe com eles e crie uma história sólida para os novos Power Rangers.

Em paralelo ao heróis, temos Rita Repulsa (Elizabeth Banks) que aos poucos começa a retomar os seus planos para conquistar o Cristal Zeo. As passagens com a personagem são bizarras e até mesmo assustadoras para o contexto do filme. A atriz que ficou mais conhecida por seu papel de Effie em "Jogos Vorazes", consegue carregar todo o visual da vilã clássica e criar sua própria história. Um ponto alto que destaco na interpretação de Banks é o jogo entre ser má e cartunesca, o que rende boas cenas no longa.

O clímax do filme é a parte que com certeza chama mais atenção. O uso da computação gráfica nos uniformes e nos Zords quebra o estigma do filme de 1995 e da a importância que Power Rangers merece. Apesar de serem rápidos os combates em terra, eles são muito bem coreografados e emocionantes, faltando apenas uma trilha sonora que empolgasse ainda mais, porém não tira o brilho do que é visto na tela. Por outro lado, a batalha dos robôs gigantes contra Goldar não deixa a desejar e deixa o telespectador com a vontade de mais e mais e tudo termina com a revelação completa do Megazord.

Rita Repulsa quer o Cristal Zeo para si - Foto: Lionsgate

Com diversos easter eggs soltos, uma história convincente e bons personagens, Saban's Power Rangers é um presente para os amantes dos heróis coloridos e convida uma nova geração que desconhece até então os Power Rangers a acompanharem o que vem pela frente. Pontas soltas foram deixadas de forma proposital para algo maior que está por vir e se depender dos fãs, as sequências já estão garantidas.